sexta-feira, 17 de maio de 2013

Resenha: Jack London em dose dupla

Depois de muito tempo ensaiando, li duas das mais famosas obras de Jack London: O Chamado da Selva e Caninos Brancos.
Não dá pra falar de apenas um dos livros. Para mim, os dois se complementam.
Ambas histórias se passam nos mesmos cenários: a ensolarada Califórnia e o ambiente hostil do Alasca durante a corrida do ouro.


Em O Chamado da Selva (1903), conhecemos Buck, um cão mestiço, criado em uma fazenda com todo conforto e uma família atenciosa. Mas alguns contratempos levam o pobre animal para o Klondike, onde é forçado a puxar trenós.
Lá, Buck entra em contato com seu ser primitivo e os instintos de seus antepassados, que afloram durante todas as dificuldades enfrentadas.

Caninos Brancos (1906), segue o curso inverso: um lobo, descendente de um cão selvagem, nascido à beira do rio Mackenzie e criado entre índios nativos e suas matilhas, vê-se forçado a conviver com a ganância dos homens brancos que desembarcaram no Alasca em busca de riquezas. Antes, um animal solitário, agora é um ser consumido pelo ódio diante dos maus tratos sofridos. O lobo selvagem, que não sentia nada além de sede de sangue, aprende o que é respeito e carinho quando um bom homem se compadece por ele.

Jack London desenvolve as histórias sob as perspectivas de Buck e Caninos Brancos, tornando as narrativas muito mais verdadeiras. Sabemos o que cada um deles sente, de que maneira aprendem as duras lições impostas pelo ser humano e como lutam contra seus instintos selvagens.
Dois livros carregados de sentimentos, que vão se contrapondo do início ao fim.

Apaixonado pelo Alasca, London tentou a sorte nas minas de ouro do Klondike durante um ano. Mas sua fortuna viria da maneira mais inesperada: com essas duas obras, frutos de suas experiências naquela terra cruel.

Com Buck e Caninos, entendemos que a natureza é justa e implacável. Aprendemos que os instintos podem falar alto e dar outro rumo para nossas vidas...mas também aprendemos que o respeito ao próximo e o carinho são duas armas poderosas e que podem fazer a diferença para os que sofrem.

E, para os mais curiosos: Buck é um ancestral de Caninos, mas pode ser tomado também como uma reencarnação, agora em forma de lobo.  


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